Diante do extremo calor e da escassez de água vivenciados neste verão no Estado de São Paulo, o Seconci-SP (Serviço Social da Construção), entidade de responsabilidade social da construção paulista, alerta para os cuidados que precisam ser tomados nos canteiros de obras, com o intuito de preservar a saúde do trabalhador.
Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde aponta que vêm ocorrendo, em média, 25 casos de desidratação por dia na capital paulista. Durante verões muito quentes como o atual, o número de casos aumenta e o problema tende a se agravar. “Sede, olhos fundos, boca seca, redução do suor, dor de cabeça, tontura, fraqueza, aumento da frequência cardíaca são sintomas clássicos. Em estágios mais avançados, podem ocorrer queda da pressão, convulsões e choque, levando até à morte”, explica a gerente médica ocupacional do Seconci-SP, dra. Xiomara Salvetti.
Além da hidratação, há também a preocupação com o coração. Pesquisa feita pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) mostra que quando os termômetros ficam acima dos 24 graus Celsius, os casos de mortes por infarto sobem 11%. A menor taxa registrada foi obtida com o ambiente entre 20 e 21 graus. O suor em excesso promove a concentração de colesterol, a queda da pressão e deixa o sangue mais denso, condições ideais para a ocorrência de infarto e acidente vascular cerebral.
O calor e a baixa umidade do ar são responsáveis também pelo aumento dos casos de problemas respiratórios. “Quem sofre de rinite, asma e bronquite pode ter o quadro agravado e precisa de um cuidado maior nesse período. Uma medida simples e eficiente é borrifar soro fisiológico nas narinas diversas vezes ao dia”, esclarece a profissional.
Na construção civil, serviços realizados ao ar livre, como execução de lajes e telhados, merecem atenção especial. Quanto maior o esforço ou atividade física, maior será a atividade do metabolismo e, consequentemente, maior a produção de calor no corpo e a necessidade de dissipação para não interferir no equilíbrio térmico corporal. Quando se expõem os operários a estas condições, ocorrem reações fisiológicas para promover a perda de calor, não sendo suficiente a liberação pelo suor. São comuns casos de vermelhidão, queimaduras e câncer de pele, que podem ser evitados com o uso de protetor solar.
Redobrar a atenção com o preparo e a conservação de alimentos como carnes, peixes, frangos, ovos ou frutos do mar também é recomendável. Mantê-los fora da geladeira por muito tempo cria um ambiente propício à proliferação de microrganismos causadores de doenças. As bactérias presentes se multiplicam e o alimento “estraga” mais facilmente. Alguns vírus também encontram facilidade para se disseminar em temperaturas mais elevadas. Resultado: a chance de contaminação é bem maior e a consequência imediata são vômitos e diarreia
Prevenção
Uma lista de medidas preventivas foi elaborada pela dra. Xiomara, a seguir:
– Usar uniformes de algodão e cores claras, com mangas. Esse tipo de tecido facilita o mecanismo de evaporação, pois absorve rapidamente a água, auxiliando o controle do equilíbrio térmico.
– Usar capacete com protetor de nuca, não se expor durante o período de descanso, aplicar o protetor solar 30 minutos antes do início da exposição ao sol e reaplicar a cada 2 horas.
– Beber de 2 a 3 litros de água por dia ajuda a minimizar os impactos das altas temperaturas e a baixa umidade
Crise hídrica
Em meio à crise hídrica instalada em São Paulo, o Seconci-SP tem orientado as empresas associadas quanto à qualidade da água oferecida para consumo humano. Dúvidas frequentes surgem sobre a água de reúso e o aproveitamento das águas da chuva para beber.
A água de reúso é uma água não tratada e, portanto, não potável. Também não se recomenda o aproveitamento da água da chuva para consumo humano. Em cidades grandes, a chuva pode ter vários contaminantes. O “coquetel chuvoso” pode conter partículas sólidas e gases que ficam suspensos – amônio (produzido por processos de decomposição), nitrato (resultante da emissão de óxidos de nitrogênio pelos escapamentos dos carros), sulfatos (do enxofre lançado com a queima de combustíveis), ácidos fórmicos e acéticos (também liberados pelos carros). E quando a chuva cai carrega junto a sujeira: minúsculos grãos de poeiras e de fuligem. Porém, ambas podem ser usadas para outros fins como limpeza das áreas comuns e descargas sanitárias.
Da Redação