Apesar de críticas sobre uso de certificações como instrumento de marketing, adoção de conceitos ambientalmente amigáveis para construção e operação de edifícios tem aumentado
Estudo realizado pela consultoria EY em parceria com o Green Building Council Brasil (GBC) em agosto de 2013 constatou que, a partir de 2010, houve crescimento moderado, porém constante, do valor total de empreendimentos que contam com certificação Leadership in Energy and Environmental Design (Leed) no Brasil.
Em julho de 2013, por exemplo, havia 109 projetos certificados, com outros 660 na fila para obter o Leed. Em fins de 2014, o número de pedidos chegava a 931. Tais números colocam o Brasil na quarta posição entre os 140 países que mais possuem edifícios com certificações Leed. São, no total, 2.089.195,20 m² certificados, atrás apenas de Estados Unidos, Emirados Árabes e China.
O posicionamento do Brasil no ranking se deve, principalmente, aos edifícios comerciais, que lideram a lista nacional de projetos registrados para certificação Leed, com 432, ou 46,4% do total. O segmento residencial, por sua vez, aparece com apenas 20 registros. Hamilton Leite, diretor de sustentabilidade do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), afirma que, até março de 2013, não havia ainda nenhum empreendimento residencial concluído certificado como sustentável e que clientes de edifícios comerciais demandam por esse tipo de produto. “As grandes empresas querem se instalar em edifícios sustentáveis porque conhecem os benefícios”, acredita.
Sustentabilidade ou marketing?
Vanderley John, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), olha com ressalvas para o crescimento do interesse por selos de sustentabilidade. “O pedido de certificação é um conhecido esquema de turbinar valor de prédio vendido na planta. Você anuncia que vai certificar e depois não certifica”, revela.
O professor afirma, entretanto, que os clientes se preocupam mais com economia de água e de energia obtida do que com as certificações que o empreendimento tenha. “Os edifícios verdes são mais uma estratégia de marketing do que uma forma de melhorar o meio ambiente”, complementa. Como exemplo, ele fala sobre prédios com tomadas para carregar carros elétricos. “Isso é uma forma barata de conseguir pontos para ganhar certificado, o que não significa que a empresa tenha compromisso com o meio ambiente”, salienta.
Outro obstáculo apontado por John é a falta de capacitação técnica. “Não temos profissionais qualificados porque não pagamos. O que falta para diminuir o impacto ambiental dos edifícios é, principalmente, profissionais de nível superior com algum conhecimento, mas, infelizmente, a formação de engenheiros e arquitetos no Brasil é muito fraca”, afirma.
Apesar das críticas, John vê com bons olhos a forma com que empresas e pessoas têm incluído termos de sustentabilidade na agenda e no projeto dos edifícios. Parte do otimismo do professor relaciona-se às influências da NBR 15.575. “A Norma de Desempenho tem potencial para reduzir o consumo de energia no Brasil. Ela melhora o conforto térmico, baixando a demanda por energia”, exemplifica.
Custos adicionais
É justamente sobre sustentabilidade em empreendimentos imobiliários residenciais e avaliação dos custos adicionais para atendimento a requisitos de certificação ambiental que trata a dissertação de mestrado de Hamilton Leite, defendida em 2013.
No estudo, ele diz que, “dentre diversas razões para que apenas um empreendimento imobiliário residencial concluído até maio de 2013 tenha conquistado certificação ambiental no Brasil, o fato de que empreendimentos sustentáveis contabilizam aumento de custos com a obra, com o processo de certificação e com consultores em relação a empreendimentos convencionais é a dificuldade mais relevante na opinião dos empreendedores”.
De todos os incorporadores imobiliários que responderam à enquete proposta pela dissertação, 82% afirmaram que o custo adicional da obra sustentável é uma dificuldade para construir seguindo princípios e referências de sustentabilidade. Segundo Leite, este fato pode estar inibindo o desenvolvimento de empreendimentos sustentáveis por parte das empresas incorporadoras do País.
Como possível solução para reduzir tal barreira econômica, Leite sugere a identificação de aspectos que agreguem sustentabilidade a empreendimentos residenciais e apresentem custos de implantação menores ou iguais a seus equivalentes convencionais.
Apesar de críticas sobre uso de certificações como instrumento de marketing, adoção de conceitos ambientalmente amigáveis para construção e operação de edifícios tem aumentado
Para incorporar conceitos de sustentabilidade sem aumentar custos, o Thera Faria Lima, empreendimento localizado na capital paulista e realizado por meio de parceria entre a Cyrela e a GPA Malls & Properties, adotou método de reciclagem de resíduos classe A para uso nas argamassas de revestimento, contrapiso e assentamento da alvenaria de vedação da obra.
Além de melhorar a relação com a vizinhança, visto que o uso de caçamba para esse tipo de resíduo foi praticamente eliminado, evitando transtornos com sujeira e barulho, o processo também gera economia. Para não perder desempenho e qualidade, a areia proveniente da reciclagem dos resíduos é misturada à areia convencional. Assim, apesar do processamento de entulho ser mais caro do que o descarte em caçambas, a economia com a compra de areia é vantajosa, deixando a conta positiva.
Economia direta
Por investir na adoção de critérios de redução de impacto ambiental, a Even se mantém no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da BM&FBovespa. Trata-se da décima carteira anunciada, que vai vigorar entre os dias 5 de janeiro de 2015 e 2 de janeiro de 2016, e reflete o retorno médio de uma carteira teórica de ações de empresas de capital aberto e listadas na BM&FBovespa com as melhores práticas de sustentabilidade.
A carteira atual reúne 51 ações de 40 companhias, representando 19 setores com valor de mercado equivalente a R$ 1,22 trilhão, o equivalente a 49,87% do total do valor das companhias com ações negociadas na BM&FBovespa.
A Even também foi, segundo a Fundação Vanzolini, a primeira construtora e incorporadora da América Latina a receber o título Empreendedor Aqua, criado pela instituição. A partir disso, todos os empreendimentos residenciais construídos pela Even e lançados na cidade de São Paulo serão concebidos e preparados para a certificação Aqua desde o planejamento até a entrega.
Operação econômica
Há iniciativas para reduzir o impacto ambiental das edificações que não estão vinculadas à obtenção de selos certificadores. É o caso, por exemplo, do Idea Independência, empreendimento da MZM Incorporadora e Construtora em Piracicaba, interior de São Paulo. Em parceria com a Ecotower, empresa especializada em construções sustentáveis, a construção do empreendimento utiliza madeiras dos decks e áreas comuns produzidas com resíduos.
Para manter o conceito de sustentabilidade após a entrega, o residencial contará com procedimentos como coleta e reúso de águas pluviais, lâmpadas LED em áreas comuns, geração de energia fotovoltaica ou eólica e elevadores que economizam 70% de energia.
Também voltado à economia de energia, o selo do Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (Procel) Edificações, desenvolvido pelo Governo Federal, classifica os edifícios conforme o consumo de energia. O Hangar Business Park, empreendimento da Odebrecht Realizações Imobiliárias (OR) localizado em Salvador, por exemplo, recebeu sete dessas etiquetas. Além disso, também recebeu 16 etiquetas A do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro), totalizando 23 certificações que atestam sua eficiência energética.
Composto por sete torres corporativas, o Hangar possui todos os lobbies com lâmpadas PL e dicroicas em LED, o que proporciona uma economia de energia de aproximadamente 56% e 88%, respectivamente, quando comparadas com lâmpadas convencionais. O diretor regional da Bahia da Odebrecht, Eduardo Pedreira, afirma que, assim que implantado o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) Verde em Salvador, as duas torres hoteleiras do Hangar terão 10% de desconto no valor do imposto, justamente pelas práticas sustentáveis que adotou.
Confira a opinião de especialistas e alguns exemplos de construções adeptas aqui.
Fonte: Construção e Mercado
Dólar: Alta de 8,3% no ano pode ser positiva para a economia brasileira
Apesar de encarecer as importações e pressionar a inflação, a alta acumulada de 8,3% do dólar este ano tem um efeito benéfico para a economia brasileira.
Atualmente em R$ 2,87, o câmbio comercial aproxima-se da taxa de equilíbrio, eliminando a sobrevalorização do real na última década e abrindo a oportunidade para o país exportar mais e diminuir o rombo nas contas externas. Pela definição econômica, a taxa de equilíbrio representa o câmbio neutro para exportadores, importadores e produtores nacionais. O valor exato varia conforme as estimativas dos economistas, mas a maioria das projeções situa o câmbio de equilíbrio entre R$ 2,80 e R$ 3,20.
“O câmbio competitivo é a taxa real que estimula a alocação de recursos nos setores de maior produtividade e assegura o crescimento econômico no longo prazo”, explica o professor de economia André Nassif, da Universidade Federal Fluminense.
O câmbio próximo do equilíbrio estimula as exportações, principalmente de produtos industriais. “Nos últimos anos, a indústria brasileira foi parcialmente dizimada. O dólar na taxa de equilíbrio ajuda a recuperar a competitividade dos manufaturados”, diz Alexandre Espírito Santo, economista da consultoria Simplific Pavarini e professor de macroeconomia do Ibmec.
Com base no câmbio nos últimos 20 anos corrigido pela inflação, ele estima a taxa de equilíbrio entre R$ 2,80 e R$ 2,82. Por meio de estudos econométricos, Nassif estimou a taxa de equilíbrio em R$ 2,90. Ele, no entanto, ressalta que corretoras estrangeiras projetaram recentemente a taxa entre R$ 3 e R$ 3,20. Nassif destaca que o Banco Central, que no início do ano diminuiu pela metade as vendas de dólares no mercado futuro, agora precisa trabalhar menos para manter a moeda norte-americana próxima do nível de equilíbrio.
“Aparentemente, o Banco Central está deixando de segurar o câmbio e indicando que o grau de intervenção será menor daqui para frente.”
Em 2014, o Brasil encerrou o ano com rombo de US$ 91 bilhões, 4,1% do Produto Interno Bruto (PIB) nas contas externas – soma da balança comercial, de serviços, de renda e transferências unilaterais. O indicador mede a vulnerabilidade da economia a crises externas. Quanto maior o déficit nas contas externas, mais rápido o real se desvaloriza em turbulências internacionais na economia. “Um rombo desse tamanho explica a volatilidade do câmbio nos últimos anos”, ressalta Alexandre.
Apesar das perspectivas de que o câmbio próximo da taxa de equilíbrio gere melhorias para a economia brasileira, por meio do aumento das exportações e da diminuição do déficit das contas externas, os benefícios só serão sentidos no médio prazo. Na melhor das hipóteses, a partir de 2016.
“Como o câmbio ainda está muito volátil, os exportadores não estão seguros para fechar contratos. Somente depois que a taxa se estabilizar, os agentes econômicos se sentirão mais à vontade”, pondera Alexandre.
Outro fator que adiará os efeitos benéficos do câmbio equilibrado é a inflação. O dólar mais alto não encarece apenas os produtos importados, mas os produtos nacionais que usam matérias-primas importadas. Mesmo assim, André Nassif acredita que a pressão do câmbio sobre a inflação deve ser mais suave que o esperado por causa da política de ajuste fiscal e de aumento de juros posta em prática pelo governo.
“Para cada 10% de aumento do dólar, os preços das mercadorias de setores oligopolizados [com poucas empresas produtoras e vendedoras] aumentam de 2% a 3%”, calcula o professor.
Fonte: Exame
Os reajustes das tarifas de energia elétrica, que passaram a valer em janeiro de 2015, serão sentidos pela construção civil a partir de maio. Essa é a previsão do presidente do Sindicato da Indústria da Mineração de Brita, Areia e Saibro do Estado do RS (Sindibritas) e da Associação Gaúcha dos Produtores de Brita, Areia e Saibro (Agabritas), Pedro Antônio Reginato. A conta de luz de janeiro da empresa já chegou 20% mais alta que a do mês anterior, informa o presidente.
– Vai refletir no preço do produto final, seja areia, brita, cimento ou asfalto. Em maio o consumidor já vai sentir o reajuste dos preços desses itens, que ficará em torno de 15%. O setor de construção civil, que já está desacelerado, sofrerá um impacto ainda maior – anuncia.
Além da conta de luz, as mineradoras – bem como outras empresas que usam grande quantidade de energia elétrica – têm de pagar pelo contrato de demanda. Este, conforme Reginato, teve o valor acrescido em 15,37% em relação a dezembro de 2014.
O custo com energia elétrica no setor de produção de areia, cimento, brita e asfalto representa, em média, 10% dos custos. Reginato diz que 2015 já está sendo um ano preocupante e as expectativas são pessimistas.
– Já descartamos investimentos em novas áreas de extração e aquisição de equipamentos. É um momento de muita cautela, pois estamos diante de um cenário de redução de horas e demissões na indústria. As construtoras já não investem em tantos empreendimentos, pois está começando a sobrar apartamentos – analisa.
Como funciona
O aumento da conta de luz passou a ser indicado pelo sistema de bandeiras tarifárias – que conta com as cores verde, amarela e vermelha – indicando as condições de geração de energia no país. Em janeiro, foi anunciada a bandeira vermelha, o que significa um acréscimo de R$ 3,00 a cada 100 quilowatt-hora (kWh).
Da Redação, original O Nacional.
Fonte: Obra 24 Horas