Para sindicato do setor, nova equipe econômica precisa incentivar investimentos. PIB indica retração de 4,2%
Depois de um ano de indicadores negativos, a melhora no desempenho da construção civil em 2015 depende de uma série de ajustes para a retomada do crescimento do setor. O acumulado de janeiro a setembro do PIB setorial indica retração de 4,2%, com expectativa de o ano encerrar com queda próxima de 5%. Segundo representantes do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), a nova equipe econômica do governo Dilma Rousseff precisa transmitir confiança aos empresários para a retomada dos investimentos.
O presidente da entidade, Luiz Fernando Pires, afirma ser necessário pragmatismo nas medidas econômicas da equipe encabeçada pelo ministro Joaquim Levy, diferentemente do vaivém sob o comando de Guido Mantega. “É preciso objetividade na política econômica”, afirma. Mas, pelo menos no primeiro semestre, com perspectiva de novas elevações da taxa de juros e inflação próxima do teto, a tendência é de poucas mudanças sobre o cenário atual.
Apesar das baixas taxas de aumento de vendas neste ano – até outubro, o número de apartamentos negociados em Belo Horizonte cresceu 2,89% –, a falta de confiança do consumidor resulta em demanda reprimida. Prova disso, segundo o Sinduscon-MG, é que a faixa de valores mais afetada com a queda de venda é a de imóveis acima de R$ 500 mil. No comparativo entre janeiro e outubro de 2013 e 2014, as vendas caíram 45,48%.
O vice-presidente da Área Imobiliária do Sinduscon-MG, Lucas Guerra Martins, afirma que essa faixa retrata a busca por um imóvel melhor e maior, com mais quartos e mais bem localizado que o atual. “Com a confiança em baixa, esse público adia a decisão de compra”, diz ele, reforçando que o Brasil, até 2024, tem um déficit de 20 milhões de imóveis. A tendência, segundo ele, é que esse público finalmente defina as compras neste ano a partir das definições do governo. E cobra: “Sem mudança nenhuma, o ano será pior que 2014”
LANÇAMENTOS
As incertezas da política econômica devem resultar em um número menor de lançamentos no próximo ano. Segundo Martins, neste ano, o mercado de Belo Horizonte observou crescimento considerável nos lançamentos ante variação mais tímida das aquisições, o que resultou em crescimento do estoque. Até outubro, os lançamentos somaram 3.062 ante 2.488 no ano passado (variação de 23,07%). Com ritmo menor de novas unidades no ano que vem, a tendência é diminuir o estoque.
A demanda em baixa com a alta da oferta resulta em valorização média dos imóveis abaixo da inflação oficial. Segundo a pesquisa do Ipead-UFMG, o acumulado em 12 meses encerrado em outubro, mostra que os preços dos imóveis na capital mineira tiveram alta de 4,94%, enquanto a inflação do período foi de 6,58%.
Uma das definições econômicas que pode contribuir em parte para a retomada da confiança do setor imobiliário é o anúncio das regras da terceira fase do programa Minha Casa, Minha Vida. A presidente Dilma deve anunciar ainda em janeiro o formato. As empresas cobram ajuste do valor máximo dos imóveis.
Fonte: EM