A engenharia oferece soluções de contenção variadas, adequadas para as situações mais diversas.

Geologia do terreno, estudo de riscos, custo e cronograma da obra influenciam a escolha da técnica de execução

Em resposta ao surgimento de projetos mais complexos e cronogramas mais enxutos, o segmento de contenção evoluiu ecnologicamente

Escavações profundas, cortes verticais e aterros de grandes dimensões são cada vez mais importantes para a implantação de empreendimentos, especialmente em áreas urbanas, onde há escassez de áreas para construir. Isso torna a etapa de contenção, uma das mais críticas durante a execução de uma obra, ainda mais importante. Vale lembrar que, em função dos riscos que a movimentação de terra envolve, erros de dimensionamento, de projeto e de execução podem ser fatais.

Entre a diversidade de métodos existentes, a opção deve recair pelo mais seguro, com custo compatível. Chegar à melhor opção passa pela análise de algumas variáveis. O engenheiro Luiz Antônio Naresi Júnior, especialista em geotecnia e em fundações da Progeo Engenharia, lista as principais:

1) Local e acesso à obra;
2) Resultados de ensaios de laboratórios de solos e rochas e interpretação do perfil geológico e geotécnico do terreno por meio de sondagens rotativas;
3) Tipo e tamanho dos escorregamentos;
4) Estudo do fator de segurança e da estabilidade global do talude ou encosta;
5) Fator de risco da segurança contra o colapso ou deslizamento sobre outras estruturas, com risco ao usuário final, seja em edificações, rodovias ou ferrovias;
6) Fator técnico-financeiro, estudo de viabilidade da contenção;
7) Impactos ambientais e de segurança do trabalho.

Nos últimos anos, em resposta ao surgimento de projetos mais complexos e cronogramas mais enxutos, o segmento de contenção evoluiu. De modo geral, as técnicas vêm sendo aprimoradas, a exemplo das paredes-diafragma. Essa metodologia deu um salto com o avanço de maquinários como as hidrofresas, aposentando gradativamente o clam shell mecânico, convencionalmente utilizado no Brasil desde os anos 1970-80. Assim, sem comprometer a segurança e a velocidade e com relativa redução de ruído, aumentou- se a capacidade e a profundidade das escavações, incluindo a adoção de paredes mais espessas.

A substituição da lama bentonítica por polímeros biodegradáveis como fluido estabilizante tem se firmado como tendência. Diferentemente da lama, os polímeros, por serem biodegradáveis, podem ser descartados em qualquer bota-fora ou até em galerias de águas pluviais desde que não contenham sólidos em suspensão. As empresas também vêm investindo em tecnologias para diminuição do volume de bentonita e de resíduos gerados nas obras. A própria bentonita já pode ser tratada com uso de centrifugação, de sistema filtro prensa, ou ainda de tratamento químico.

Há, ainda, o uso mais intensivo dos geossintéticos em técnicas como a de solo reforçado, para estabilização de cortes em terrenos ou de taludes de aterros. Quando devidamente utilizados, esses materiais podem melhorar a resistência à tração ao solo, compondo sistemas de fácil execução e custo reduzido, em comparação às técnicas mais tradicionais de reforço.

Conheça os sistemas

fotos: Marcelo Scandaroli

Gabiões
São compostos por gaiolas de aço zincado de malha hexagonal e preenchidas com pedras com peso entre 2 kg e 5 kg. É uma das técnicas de contenção mais utilizadas, por ser de fácil execução, ter baixo custo e se integrar bem ao meio ambiente. Monolíticos, com elevada permeabilidade e boas condições de acomodação em deslocamentos, são usados em muros de contenção, proteção de margens e canalização de córregos. Há três tipologias principais. O gabião caixa, em formato de paralelepípedo, é mais usado como muro. Utilizado para o revestimento das margens e de leitos de cursos d’água, o gabião colchão também tem formato de paralelepípedo, mas pequena espessura. Já o gabião cilíndrico (ou saco) é constituído de um único pano de tela de forma retangular que é enrolado, assumindo a forma cilíndrica. É utilizado em obras emergenciais.

Aspectos críticos: seu desempenho relaciona-se diretamente ao cuidado dos operários em organizar as pedras no interior da gaiola. Caso contrário, a quantidade de vazios entre elas pode ser muito grande e tornar o muro mais leve do que previa o projeto. É essencial assegurar que as características de resistência do terreno sejam as consideradas no projeto. Resistência menor que a prevista pode colocar em risco a estabilidade da contenção. É importante, também, que o local de apoio seja previamente preparado e nivelado.

 

Sofia Mattos

Parede-diafragma

Paredes-diafragma são painéis de concreto, geralmente armado, préfabricados ou moldados in loco. Aplicada principalmente em subsolos enterrados, essa técnica é recorrente em centros urbanos, onde a falta de área livre dificulta a execução de outros processos. Construídos a partir de lamelas de até 7 m de comprimento e espessura variando entre 0,45 m e 1,50 m (com profundidades de até 100 m), os painéis são executados por meio do preenchimento de trincheiras escavadas com o uso contínuo de lama bentonítica, cujo papel é estabilizar as paredes de escavação e contrabalançar o empuxo causado pelo lençol freático no terreno. Pode-se, também, utilizar polímeros no lugar da lama.

Aspectos críticos: durante a execução, um dos principais riscos é o vazamento entre as juntas de concretagem. “Por mais perfeita que seja feita a parede, ao final da obra podem ocorrer vazamentos que demandam tratamento secundário”, comenta o consultor em geotecnia Luiz Antônio Naresi Júnior.

A responsável pela execução deve manter registro completo da cravação de cada painel, em duas vias, sendo uma destinada à fiscalização. Além disso, a concretagem de cada painel deve ser acompanhada para verificação dos volumes efetivos do concreto, em comparação aos volumes previstos. Desta forma, é possível estimar as espessuras efetivas da parede, bem como avaliar a presença de locas ou erosão, devido a eventuais desbarrancamentos.

Com o uso de equipamentos de grande porte e tanques de lama, acomodar toda estrutura necessária para execução da parede-diafragma pode ser um problema em terrenos confinados.

Parede atirantada

Estruturas de concreto armado que trabalham em conjunto com tirantes constituídos por cordoalhas ou por monobarra. A técnica é utilizada principalmente para contenção de encostas e construção de subsolos. Sua aplicação é recomendada para cortes em terrenos com grande carga a ser contida ou em solo que apresenta pouca resistência. Considerada uma solução bastante cara, normalmente é executada em taludes de 4 m a 20 m de altura. Para vencer a topografia, são feitos cortes nos terrenos, e os taludes resultantes são contidos pelas cortinas atirantadas. É bastante adotada, também, em áreas de deslizamentos e, ainda, em casos de aproveitamento do topo de terrenos acidentados para construção de edificações.

Aspectos críticos: a execução deve seguir à risca as orientações do projeto (elaborado com base em sondagens). Um ponto crítico dessas estruturas é a barra de aço, que deve ser protegida com argamassa ou nata de cimento para evitar corrosão e consequente rompimento do tirante ou chumbador. A corrosão das cabeças dos tirantes é uma das grandes preocupações em relação à vida útil e desempenho, principalmente em regiões litorâneas. A incorporação do tirante à estrutura só pode ser procedida de forma definitiva após a constatação do bom desempenho da barra por meio de ensaio.

 

Divulgação: Terra Armada

Solo armado
Também conhecida como terra armada, utiliza placas de concreto – também chamadas de escamas -, armaduras e a própria terra como materiais estruturais. As escamas são montadas à medida que a terraplanagem avança. Com isso, ao término do espalhamento e da compactação, tem-se o solo armado finalizado.

A utilização dessa técnica é mais comum em encontros de pontes e viadutos de estradas e ferrovias, ou nos perímetros urbanos, onde os espaços são muito restritos e os prazos de execução das obras bastante curtos. A NBR 9.286 – Terra Armada – Especificação, de 1986, fixa as condições para o projeto e a execução para terrenos reforçados por essa solução.

Aspectos críticos: as escamas pré-fabricadas são içadas com auxílio de caminhões tipo “munck”, tratores ou guindastes. A primeira linha de placas é, normalmente, montada sobre uma base de concreto (soleira) que cumpre a função de elemento de fundação para o paramento externo. A soleira deve estar apoiada em material resistente como solo compactado ou solo-cimento. Próximo ao paramento é recomendável que a compactação seja executada por meio de placas vibratórias. Recomenda-se, ainda, que o grau de compactação para a execução do aterro seja no mínimo de 95% da densidade aparente seca máxima.

 

Divulgação: Bidim

Geogrelhas e geossintéticos 


Descrição:
 geossintéticos podem ser aproveitados de várias formas em obras de contenção, contribuindo para adicionar resistência à tração ao solo que, dessa forma, tem mais sustentação para evitar deslizamentos. O solo envelopado é uma das técnicas mais utilizadas de execução de muros de contenção com geossintéticos. Consiste na inserção de elementos planos de reforço (geogrelhas ou geotêxteis) entre camadas de solo compactado e no envelopamento da face com o próprio material de reforço. Ao permitir utilizar o solo local compactado como elemento estrutural, essa técnica apresenta boa relação custo-benefício em situações de aterro.

Aspectos críticos: A exposição a intempéries e ao vandalismo pode prejudicar o desempenho do geossintético. Por isso, é importante assegurar boa proteção ao material. Outro cuidado é com o nível de agressividade do ambiente: em indústrias, aterros ou outros locais com agressividade química acentuada, alguns polímeros podem ter suas propriedades alteradas e o projeto deve considerar isso. O cuidado se aplica também à etapa de armazenamento. Se o geotêxtil for estocado ao ar livre, deve-se cobri-lo com lona preta de polietileno para protegê-lo da ação dos raios UV e de eventual absorção de água. As bobinas devem ser apoiadas em local seco, livre de terra, óleo, solventes e enxurradas. O controle sobre a execução consiste basicamente na verificação de nivelamento, grau de expansão, presença de elementos pontiagudos ou agentes agressivos à integridade da manta, sobreposição transversal mínima, emendas e costuras, além da espessura especificada.

Fontes consultadas: Progeo Engenharia, Costa Fortuna, Terratest, livro “Fundações: Teoria e Prática”, ABMS/Abef (Editora Pini)

Fonte: Piniweb

 

Cresce em 250% participação de mulheres em canteiros de obras da MRV

A MRV Engenharia anuncia ter investido constantemente na contratação e qualificação da mão-de-obra feminina dentro de seus canteiros de obras. Nos últimos seis anos, a participação das mulheres nesse ambiente, tradicionalmente masculino, aumentou em 250%. Somente no estado do Rio de Janeiro, onde a construtora possui atualmente 30 obras em andamento, foram contratadas 334 mulheres entre os meses de julho de 2014 a março de 2015.

Segundo Marcos Horta, Diretor de Desenvolvimento Humano da MRV, entre os principais motivos para o aumento das oportunidades de as mulheres ingressarem no setor estão a escassez da mão-de-obra a partir da expansão das atividades da construtora e o processo de primarização da companhia.

– Desde 2007, quando a MRV Engenharia abriu seu capital, percebemos uma carência de trabalhadores para atuarem nos nossos canteiros de obras, nas mais diversas atividades. A oferta de mão-de-obra masculina não acompanhava a crescente demanda e por isso, começamos a investir na contratação de mulheres para desempenharem as mesmas funções. Com o processo de primarização que a companhia iniciou em 2014, as operárias assumiram um papel de destaque, pois percebemos que em determinados trabalhos, como no acabamento, no rejunte de azulejos e na pintura, elas têm mais habilidade e atenção – destacou o diretor.

A técnica em Segurança do Trabalho da MRV/MRL Engenharia dos empreendimentos no Norte Fluminense, Larissa Grazielle Reis Santos, de 26 anos, é uma das colaboradoras que tem crescido profissionalmente dentro da companhia. Contratada em 2012 como Auxiliar de Segurança, Larissa conta que hoje os trabalhadores dos canteiros já se acostumaram com a presença feminina nas obras e comemora a valorização do seu trabalho.

– Inicialmente foi um desafio para mim, pois não eu não havia planejado trabalhar na construção civil. É um ramo masculino, mas através de profissionalismo, ética e respeito temos um ambiente saudável de trabalho, com muitas oportunidades de crescimento e valorização – comemora.

Atualmente, dos 25.980 funcionários na MRV, 17% correspondem ao universo feminino. Em 2009, 1.285 mulheres atuavam na companhia, enquanto que em 2015 esse número já corresponde a 4.494, sendo que cerca de metade – 2.063 atuam nos canteiros, executando atividades como servente, ajudante de obra e também no setor administrativo como auxiliares de engenharia. O restante do público feminino está distribuído pelos escritórios da MRV, presente hoje em 19 estados do país.

Da Redação, original Monitor Mercantil.

FONTE: Obra 24 Horas

Governo do RS anuncia novo decreto com corte em todas as secretarias

Ajustes financeiros devem implicar economia em torno de 20% nas pastas. Sartori diz que saúde, segurança e educação serão ‘prioridades’.

Governador do RS, José Ivo Sartori, apresentou dados relativos à situação financeira do estado em entrevista coletiva (Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)

O governador José Ivo Sartori anunciou nesta quinta-feira (19), em Porto Alegre, mais um decreto para corte de gastos e tentativa de equilíbrio das finanças do Rio Grande do Sul. A meta é de redução de despesa na ordem de R$ 1 bilhão ao ano. A medida foi publicada no Diário Oficial e prevê ajustes financeiros no orçamento deste ano para as secretarias estaduais, que devem implicar economia de 21,3%, segundo projeção do Palácio Piratini.

“Foi editado um decreto onde todas as secretarias vão ter seu orçamento contingenciado em torno de R$ 20% a 21%, ou mais. Significa que esse percentual não pode ser gasto, deve ser evitado. Secretarias que têm cargos de confiança só podem ocupar 65% dos cargos. 35% dos cargos não podem ser ocupados. É uma maneira de diminuir o custeio da máquina publica, cuidando dessa realidade”, disse.

Secretários participaram de entrevista coletiva no Palácio Piratini (Foto: Rafaella Fraga/G1)

A mudança no orçamentos das secretarias pretende reduzir a crise financeira do estado, que tem um déficit estimado em R$ 5,4 bilhões. Outras medidas já anunciadas, como redução de diárias e corte de horas extras para servidores da Brigada Militar e Polícia Civil, devem gerar economia de R$ 600 milhões, segundo o governador. “Não é suficiente. Mas mesmo com dificuldades, precisamos fazer esse equilíbrio no estado”, disse. Conforme Sartori, entretanto, o novo decreto não deve afetar novos investimentos e as áreas de saúde, educação e segurança serão “prioridades”.

“Devemos ser transparentes e dizer a verdade. A crise vai levar muito tempo pra ser resolvida. As finanças não chegaram ao limite, passaram do limite. O poder público gastou mais do que arrecadou”, disse Sartori.

Quando questionado sobre a possibilidade de parcelamento ou atraso nos salários de março, Sartori disse que está fazendo o possível no no sentido de viabilizar a manutenção em dia daqueles que prestam serviço ao público. Entretanto, o pagamento depende do fluxo de caixa.

“O fluxo de caixa é sempre dia a dia. Evidentemente que temos que confessar e reconhecer que os meses de janeiro e fevereiro foram estabelecidos no fim do ano e inicio do ano. Agora é outra realidade”, disse o governador. Até esta sexta (20), o governo deve ter uma resposta sobre o assunto.

Secretário da Fazenda, Giovani Feltes apresenta os dados (Foto: Luiz Chaves/Palácio Piratini)

Após a fala de Sartori, o secretário da Fazenda, Giovani Feltes, apresentou dados sobre a atual situação financeira do estado e falou à imprensa. Segundo ele, o déficit, que hoje chega a R$ 5,4 bilhões, deve alcançar R$ 7 bilhões até 2018, quando termina o mandato do peemedebista. Ele apresentou também 13 motivos que culminaram na dívida milionária.

“Importante dizer que isso não é projeção. É a realidade financeira do estado”, declarou o secretário.

Segundo Feltes, cada gaúcho nasce hoje com uma dívida de R$ 6,84 mil. “Nós todos somos responsáveis, uns mais, outros menos. Todos somos cidadãos”, frisou.

Em 44 anos, o estado gastou menos que arrecadou em apenas sete anos. Ainda segundo o governo do estado, nos últimos anos, a despesa cresceu muito mais do que a receita. Entre 2007 e 2010, o crescimento da despesa foi de 10,9% e o da receita de 12,1%, enquanto entre 2011 e 2014 a alta dos dois itens foi de 10,4% e 9,8%, respectivamente.

Os aumentos concedidos aos servidores da segurança pública geram impacto nos cofres públicos. Os gastos também foram incentivados pela União. De acordo com Feltes, o aumento das despesas correntes e de pessoal foi financiado com maior endividamento.

Para a equipe de Sartori, a maior parte das despesas do estado são engessadas. Somando os gastos em investimentos (6,2% da receita), manutenção (29,4%), serviço da dívida (11,4%) e pessoal (75,5%).

“Somando esses compromissos, teríamos que ter 122,5% de receita. Alguma coisa está errada. As fontes usadas nos últimos anos para cobrir as despesas estão praticamente esgotadas. Estamos no limite do endividamento permitido em lei”, analisou Feltes.

Sobre o decreto que prevê cortes no orçamento das secretarias, Feltes, no entanto, ressaltou, a exemplo de Sartori, que áreas como saúde, educação e segurança terão menos impacto. “O impacto incide mais sobre custeio. Serão preservadas essas três áreas. Quatro secretarias têm maior volume: além dessas, mais os transportes. Claro que tudo foi feito em discussão com essas secretarias. Algumas dependem mais de pessoal, outras nem tanto. Não temos vontade de cortas custos, mas é necessário. Temos algumas imposições legais que serão cumpridas. A Justiça determina que 12% seja aplicado em saúde. E vai ser”, afirma ao G1.

Na quarta (18), Sartori havia informado, em entrevista coletiva na Federasul, que o governo irá acelerar os processos de fiscalização e de combate à sonegação de impostos. Em relação às parcerias público-privadas, garantiu que está sendo construído um novo marco legislativo e que processo está adiantado. Sartori também disse que avaliará as estatais para ver quais deverão ser mantidas.

Fonte: G1

Feliz Páscoa!